quarta-feira, novembro 10, 2004

19. Festa de 01 Ano de Banda


como dizia a canção: o artista vai onde o povo está.

Vários shows iam se passando, várias dificuldades vencidas, alegrias, tristezas, divergências, convergências, enfim, uma amizade grande entre os quatro loucos que estavam tentando levar a vida como cigarras, ou seja, cantando e tocando alto, sem medos, limites, tudo na maior cara de pau! Conforme o tempo passava, com a carga desumana de ensaios a que os rapazes se entregavam, (apenas para que fique bem claro, os ensaios eram todos os finais de semana, nos sábados e nos domingos, em média de 6 a 8 horas por dia, fora os estudos individuais durante o resto da semana), o som foi ficando mais apurado, a criatividade mais desenvolvida. Mas, fato é que a banda completava um ano de existência! Exaustos com a rotina de trabalho, ensaios e shows, resolveram comemorar no melhor estilo farofeiro!


Seo Celino com seu uniforme de praia

Foram todos se instalar na casa da Praia Grande-SP do Seo Celino (o grande Cantor Cowboy, que hoje se encontra pulando de nuvem em nuvem na casa do Pai) e da Dona Carmem (respectivamente, pai e mãe do Celso), a bagunça foi geral! A casa da praia era razoável para acolher a família de Celso, que naquela época viajavam todos juntos, somando 13 pessoas (percebem que o número persegue?) Celso e Denis chegaram antes na baixada. Logo em seguida, apareceram Valter e Ivan. No sábado para surpresa de Dna. Carmen, a convite do Celso, foram chegando Preto, Saul (que hoje é empresário do Cowboy na casa do Pai, Maurão (que teve sua cueca predileta roubada pelo Valtão, e criou a maior "muvuca"), Capeta (que virou evangélico, pode???) e Gilberto "Gil" (não, não é o ministro), que tomava conta de toda essa cambada. Todos dormiram na mesma casa. Logo na primeira noite, Ivan e Denis saíram e conheceram umas garotas em um bar, como estavam sozinhos (elas estavam em cinco ou seis) marcaram com elas para voltar no outro dia, no mesmo local, porém acompanhados de Celso e Valter, quem sabe assim, dariam conta do recado! No outro dia, depois de muita farofa na praia e muita, mas muiiiitaaaa cerveja (o porre não acabava nunca) foram encontrar as garotas no tal bar!


Denão jogando xaveco nas garotas do Barzinho

Ivan, completamente chapado, só dava vexame e derrubava copo, falava alto, olhava por debaixo da mesa para ver... bom deixa pra lá... Denis, igualmente chapado, tentava de qualquer forma agarrar uma das moças... Celso, só ria e estava completamente ocupado com Valter que, diga-se de passagem, não havia sarado do porre desde a hora que chegaram na Praia Grande, ou seja, desde o dia anterior! Uma das moças se engraçou com Valter, mas, acredito que, ao chegar perto dele, pelo bafo de cerveja e whisky, ela tenha achado melhor deixar pra lá!! O que prometia ser uma noite de muito sexo e rock an´roll, foi, mais uma vez, apenas rock a! As meninas, muito educadas, dispensaram gentilmente os quatro pudins de pinga! Os quatro saíram pela Praia, aí a doideira estava começando! A banda não costumava se embebedar assim. Com exceção de Valter, Denis, Ivan e Celso, acho que eu era o único sóbrio da banda era eu, Mr. Grog. Só pra vocês terem uma idéia, a caipirinha era feita no vaso vidro que a mãe do Celso tinha na sala. Mas voltemos a praia. Como dito, Ivan entrou no mar de roupa e tudo, Denis que era exímio nadador (pois não saia da piscina Regan dos sobrinhos do Celso) foi atrás do Ivan. Celso preocupado ficou na praia, mesmo porque, ele morre de medo de siri, e não entra no mar de noite nem a pau. Denis conseguiu achar Ivan, só que dessa vez quem sumiu foi o Valtão. Aí não teve jeito, foi todo mundo pro mar achando que o Valter havia se afogado. Enquanto isso, Valter, completamente goiaba, virou-se e foi, sozinho para casa, sem avisar ninguém! Seo Celino, muito gente boa, ao ver Valter parecendo um bife a milanesa, molhado e coberto de areia, colocou-o de roupa e tudo debaixo da ducha.


flagra do Valtão sendo perseguido por um caçador de homens

Parece que Valtão teve algum probleminha no caminho de volta nas areias escaldantes da Praia Grande, quando foi assediado por um “rapaz alegre” que caçava borboletas na madrugada da Orla Marítima. Depois de três horas que Valter havia chegado em casa, chegaram Celso, Denis e Ivan (esse carregado e desmaiado). Os dois estavam desesperados com o sumiço de Valter e, quando Miriam (irmã do Celso) avisou que Valter estava deitado e dormindo foi aquela zona! Celso e Denis não sabiam se abraçavam Valter ou se matavam, mas, no fim tudo se resolveu!


momento em que Ivan entra em erupção

Falando em Mirian, essa merece um prêmio. Ivan bebeu tanto que entrou em erupção de madrugada. Vocês já viram alguém vomitar pra cima? Pois é! Ivan conseguiu. E advinha quem teve que limpar o “azedume”? É claro, a grande companheira Mirian, que estava sempre encobrindo a bagunça para que a Mãe do Celso não ficasse brava. No dia seguinte, aconteceria a grande e verdadeira comemoração para uma banda de rock an´roll. Marcaram encontro com o pessoal do Jardim Patente, que estavam no Boqueirão e foram a um bar na beira da praia, que se não me engano tinha o nome de “Caiçara´s Bar” (assustador né?) e lá havia uma banda tocando. Decidiram armar um esquema para tentar “fazer um som”, e escolheram a garota mais bonita da turma para subornar os músicos de lá. É claro que ninguém resistia ao charme da Rose, uma grande amiga do Patentão. Ela que deveria empresariar a banda, pois conseguiu a “canja” no ato. Quando estavam no palco, começaram as “palhaçadas” de parte do público. Uns 20 caiçaras metidos a surfistas começaram a fazer piadas da vestimenta de Valter (se bem que não era tradicional usar camiseta do Van Halen, bermuda rasgada, chinelo de dedos e chapéu de palha da mãe do Celso para subir em um palco), para solucionar o problema, Valter olhou para Denis e deu o sinal para que começassem a tocar uma singela música em homenagem àqueles caiçaras, a calma e nada ofensiva “Surfista Calhorda!” de uma banda gaúcha chamada Replicantes! Foi a conta, depois de mais algumas músicas tocadas, os quatro tiveram que sair pelos fundos do bar, pois além dos caiçaras engraçadinhos do muro, todos os demais surfistas e metidos a surfistas presentes no bar resolveram correr atrás do quarteto que, naquele dia, demonstrou a grande forma física em que estavam, pois nunca correram tanto! Apenas uma perda a se lamentar nesse dia: O CHAPÉU DE PALHA DA DONA CARMEM! Foi uma comemoração e tanto! Fato consumado: mesmo com os surfistas e os caiçaras, o bar lotou e tinha gente de pé na mureta para poder ver a apresentação da banda. Se não fosse as ofensas de uma pequena gangue de playboys e caiçaras, o show teria sido completo. Coisas do Rock an´Roll.

terça-feira, novembro 09, 2004

18. Show do Torloni


Por incrível que pareça a escola Maria Trujillo Torloni, em São Caetano do Sul, era o reduto do Código 13 na época. A grande maioria dos fãs da banda surgiu no colégio. Acompanhavam a banda em qualquer lugar. Muitas das composições musicais surgiram em sala de aula, naquelas aulas clássica do Prof. Hiroshi (um japonês gago e "fanho" que dava aula de economia e mercado). Celso e Denis estudavam na mesma sala, e juntos com Dalmar, um outro amigo baterista, fundaram o tão falado “P.U.F.” – Partido Unidos do Fundão, pois sentavam sempre no fundo da classe, onde aconteciam as melhores performances do rock an´ roll. Quando as aulas eram boas, a P.U.F. se regenerava, mas quando era aula de economia ou de história, com o Prof. Roseira (o cara tomava umas), era só alegria. Às vezes até um violão aparecia “do nada” nas mãos de Denis. A P.U.F. era assídua na Diretoria. Uma vez chegaram a “matar aula” pela janela da Sala da Direção. Sr. Jonas, diretor do Torloni, já estava tão acostumado, que fingia não ver o que os garotos aprontavam. Ele era gente boa. Tanto que a banda escreveu um grande hit em sua homenagem: “Mordomia”, o qual faço questão de publicar em edição extraordinária a letra escrita por Denis e Celso:

♪ Na rua eu andava sozinho
Toda noite pelo mesmo caminho
Como um animal, animal irracional
Ou como um perfeito e estudante anormal
Caminhava para a escola, toda noite eu aprontava
Eu queria cair fora, estudar já não agüentava
Toda noite pela sala o diretor me perseguia
Mas agora eu não estudo, estou tendo mordomia

Estou cansado de estudar, estou cansado de trampar
Eu não agüento mais escola, prefiro até pedir esmola
Meu pai ta acabado, meu irmão aposentado
Eu também quero viver mordomia, muita mordomia ♪

Sucesso absoluto!!! É claro que não é aconselhável seguir ao pé da letra os conselhos da banda, afinal de contas, tudo era festa, mas quem não estudasse na época, tinha que ir pro ringue com a mãe.

O Torloni era um colégio bem freqüentado, e que tinha um Anfiteatro privilegiado. Como Sr. Jonas já era membro executivo do C-13, foi autorizado um show da banda neste anfiteatro. Convites e correrias até a data do show. A expectativa era grande. Tão esperado o grande dia. O teatro lotou. A entrada era franca. A banda do Dalmar abriu o show. Rock an´ Roll na veia. Logo em seguida, o C-13 abre o show com Panama do Van Halen. A galera vai ao delírio. No chão do palco, um gravador registrava os melhores momentos do show. Aquela gravação de causar inveja a pirataria, e que por muita sorte, o Valter conseguiu registrar e guardar, sem passar pelas mãos do Denis, caso contrário estaria extinta. A banda se preparava para executar a segunda música, quando de repente, a energia foi cortada. Que lindo! Imagina o Celso berrando e a bateria tocando. Coisas do Rock an´ Roll. Foi descoberto que um grupo de “malocas” , provavelmente sambistas (pois na época não havia pagode), estavam desligando a chave geral do palco que ficava no meio do público. Pra variar Celso não deixou de fazer o seu discurso: “Se tem alguém aí que tá a fim de fazer melhor, que suba aqui no palco e mostre suas qualidades!!!” É claro que os malucos do rock, induzidos pelo vocalista da banda, resolveram o ocorrido com “paz e amor”, he he he he. Não sei por quê, mas em todo show, Celso sempre abria a boca pra dizer alguma besteira. E não acabou por aí. Um caso engraçado ocorreu com um amigo da banda chamado Rodney. Pois é, ele namorava uma garota chamada Patrícia (irmã de um companheiro de equipe do C-13, o Jorjão), e pelo que me consta, ela tacava o chapéu de touro no Rodney com o Bató, outro amigão da banda, ou seja, tudo entre amigos. O Rodney na época tava gamadão. Lembro-me que uma das músicas do repertório da banda era Rádio Blá! do Lobão e o tal Rodney adorava essa música e pediu pra banda toca-la. É claro que o “Mestre dos Furos” decidiu atacar com mais uma besteira no microfone. Celsão, achando que tava abafando disse alto e em bom som: “Essa é para meu amigo Rodney...” e cantou:

♪ Ela adora me fazer de otário
para entre amigas ter o que falar ♪

É evidente que quem conhecia a história quase teve ataque de risos. Acho que o único que não entendeu nada foi o Celso, que quase foi linchado pelos companheiros. A banda resolveu pegar duro com o vocalista: “Só abra a boca para cantar, animal !!!”