terça-feira, novembro 09, 2004

18. Show do Torloni


Por incrível que pareça a escola Maria Trujillo Torloni, em São Caetano do Sul, era o reduto do Código 13 na época. A grande maioria dos fãs da banda surgiu no colégio. Acompanhavam a banda em qualquer lugar. Muitas das composições musicais surgiram em sala de aula, naquelas aulas clássica do Prof. Hiroshi (um japonês gago e "fanho" que dava aula de economia e mercado). Celso e Denis estudavam na mesma sala, e juntos com Dalmar, um outro amigo baterista, fundaram o tão falado “P.U.F.” – Partido Unidos do Fundão, pois sentavam sempre no fundo da classe, onde aconteciam as melhores performances do rock an´ roll. Quando as aulas eram boas, a P.U.F. se regenerava, mas quando era aula de economia ou de história, com o Prof. Roseira (o cara tomava umas), era só alegria. Às vezes até um violão aparecia “do nada” nas mãos de Denis. A P.U.F. era assídua na Diretoria. Uma vez chegaram a “matar aula” pela janela da Sala da Direção. Sr. Jonas, diretor do Torloni, já estava tão acostumado, que fingia não ver o que os garotos aprontavam. Ele era gente boa. Tanto que a banda escreveu um grande hit em sua homenagem: “Mordomia”, o qual faço questão de publicar em edição extraordinária a letra escrita por Denis e Celso:

♪ Na rua eu andava sozinho
Toda noite pelo mesmo caminho
Como um animal, animal irracional
Ou como um perfeito e estudante anormal
Caminhava para a escola, toda noite eu aprontava
Eu queria cair fora, estudar já não agüentava
Toda noite pela sala o diretor me perseguia
Mas agora eu não estudo, estou tendo mordomia

Estou cansado de estudar, estou cansado de trampar
Eu não agüento mais escola, prefiro até pedir esmola
Meu pai ta acabado, meu irmão aposentado
Eu também quero viver mordomia, muita mordomia ♪

Sucesso absoluto!!! É claro que não é aconselhável seguir ao pé da letra os conselhos da banda, afinal de contas, tudo era festa, mas quem não estudasse na época, tinha que ir pro ringue com a mãe.

O Torloni era um colégio bem freqüentado, e que tinha um Anfiteatro privilegiado. Como Sr. Jonas já era membro executivo do C-13, foi autorizado um show da banda neste anfiteatro. Convites e correrias até a data do show. A expectativa era grande. Tão esperado o grande dia. O teatro lotou. A entrada era franca. A banda do Dalmar abriu o show. Rock an´ Roll na veia. Logo em seguida, o C-13 abre o show com Panama do Van Halen. A galera vai ao delírio. No chão do palco, um gravador registrava os melhores momentos do show. Aquela gravação de causar inveja a pirataria, e que por muita sorte, o Valter conseguiu registrar e guardar, sem passar pelas mãos do Denis, caso contrário estaria extinta. A banda se preparava para executar a segunda música, quando de repente, a energia foi cortada. Que lindo! Imagina o Celso berrando e a bateria tocando. Coisas do Rock an´ Roll. Foi descoberto que um grupo de “malocas” , provavelmente sambistas (pois na época não havia pagode), estavam desligando a chave geral do palco que ficava no meio do público. Pra variar Celso não deixou de fazer o seu discurso: “Se tem alguém aí que tá a fim de fazer melhor, que suba aqui no palco e mostre suas qualidades!!!” É claro que os malucos do rock, induzidos pelo vocalista da banda, resolveram o ocorrido com “paz e amor”, he he he he. Não sei por quê, mas em todo show, Celso sempre abria a boca pra dizer alguma besteira. E não acabou por aí. Um caso engraçado ocorreu com um amigo da banda chamado Rodney. Pois é, ele namorava uma garota chamada Patrícia (irmã de um companheiro de equipe do C-13, o Jorjão), e pelo que me consta, ela tacava o chapéu de touro no Rodney com o Bató, outro amigão da banda, ou seja, tudo entre amigos. O Rodney na época tava gamadão. Lembro-me que uma das músicas do repertório da banda era Rádio Blá! do Lobão e o tal Rodney adorava essa música e pediu pra banda toca-la. É claro que o “Mestre dos Furos” decidiu atacar com mais uma besteira no microfone. Celsão, achando que tava abafando disse alto e em bom som: “Essa é para meu amigo Rodney...” e cantou:

♪ Ela adora me fazer de otário
para entre amigas ter o que falar ♪

É evidente que quem conhecia a história quase teve ataque de risos. Acho que o único que não entendeu nada foi o Celso, que quase foi linchado pelos companheiros. A banda resolveu pegar duro com o vocalista: “Só abra a boca para cantar, animal !!!”

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