terça-feira, outubro 19, 2004

17. Revista Crics - Primeira Matéria

fotos: Magaly do Prado

Radioatividade - ano V - outubro/1986

Quem se liga em música emergente não pode perder os eventos programados para este mês no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000), em comemoração aos cinco anos de vida da Radioatividade USP - equipe de rádio do Centro Cultural, que está sempre agitando novidade no mundo dos sons. Confira:

Dia 27: Mostra com os melhores momentos do Rota 86, apresentando as bandas Muzak, Akira S e as Garotas que Erraram, Nome, 25 Segundos Depois, Scowa e a Máfia, Smack, Ness, Ira!, Voluntários da Pátria, Inocentes, Violeta de Outono, Cabine C, Laura Finochiaro, Cólera, Nau, Vultos, 365, Fellini, Sexo Explícito, Varsóvia, Detrito federal e Kafka.

Dia 28: É a vez do tão esperado Karaôke do Rock. Venham prestigiar os novos talentos do cenário underground. Encerramento com os shows de Código 13, Kães Vadius e Banda Chernobyl.

Dia 29: Jam Session com Mercenárias, Golpe de Estado, Bruhahá Babélico, Harry, Vzyadoc Moe, Fábrica Fagus, Jamp, Durex e Crime.

Dia 30: Debate sobre o tema "Rock Nacional - Da Marginalidade à Profissionalização". Convidados: Scowa (Banda Máfia), Thomas Pappon (Banda Fellini e 3 Hombres), Arnaldo Antunes (Titãs), Alex Antunes (Revista Bizz), Mário César (Folha de São Paulo), Luiz Calanca (Baratos Afins), Peninha Schimit (WEA), Exerton (Rádio 89 FM), e Wilson José (Madame Satã). Coordenação: Magaly do Prado (Rádio USP).

Dias 31, 01 e 02: Série de três shows de rock com preços especiais: Cz$ 50 (para um dia), Cz$ 80 (para dois dias) e Cz$ 100 (para os três dias). Dia 31, às 19h, banda 25 Segundos Depois e Divergência Socialista (BH); dia 01 de novembro, às 19h, bandas Vertigo, 3 Hombres e Smack; Dia 02, às 18h, apresentação conjunta das cinco bandas.

16. Centro Cultural São Paulo

fotos: Márcio Gonçalves

Terça Feira, 28 de outubro de 1986. Este foi um dos dias mais apreciados pelo C-13. Um Karaokê Roqueiro promovido pela Rádio USP (Radioatividade), onde a banda faria o show de encerramento junto com os Kães Vadius, banda de psychobilly da Região do ABC, e Banda Chernobyl. Foi uma grande coincidência o C-13 tocando com Kães Vadius, já que os mesmos se conheciam das baladas do ABC Paulista. O Centro Cultural São Paulo tem um palco muito "estiloso", possui arquibancadas ao redor do palco, e a banda fica no "meião" do público. Muito bem planejado. O grupo permanecia ansioso, já que no Centro Cultural somente tocavam os grandes nomes da época como Golpe de Estado, Beto Guedes, IRA!, Eduardo Dusek, Plebe Rude, Inocentes, Violeta de Outono, entre outros, e seria uma grande oportunidade de divulgação da banda, tocar neste espaço. Neste dia, teve direito até a entrevista para a Globo, pois o pessoal do Plantão SP estavam lá divulgando o evento. Só que Celso acabou perdendo de ser entrevistado, pois só daria entrevista se fosse com a banda. A repórter acabou o ignorando, e a entrevista foi pro saco. Não faz mal. O teatro lotou. Praticamente 70% eram amigos da banda. Celso e Denis haviam chegado antes para os preparativos. Valter e Ivan chegaram quase em cima da hora, e muito deprimidos, pois haviam esquecido os pedais de distorção de guitarra dentro do metrô, e os pedais eram emprestados do Davi, irmão do Denis. Baixo astral total, bem antes do show, devido às discussões no camarim, xingamentos, acusações, coisa que acontecem em qualquer família. Isso mesmo, pois os rapazes eram muito unidos, e a amizade sempre falou mais alto. Fizeram o show, numa boa. Valter acabou tocando, se não me falha a memória, com um pedal da Boss emprestado pelo guitarrista George, dos Kães Vadius. Enfim, o rosto de cada um indicava que algo havia acontecido. Para o público, estava tudo nota 10. Eu mesmo me impressionei com a performance dos rapazes ao tocarem Surfista Calhorda, música dos Replicantes, que ficou tão perfeita, que parecia que era dos caras. Até os punks viraram fãs do C-13, coisa que parecia impossível de acontecer, já que a banda era de rock, mas me lembro como se fosse hoje, os punks se esbofeteando, em uma espécie de dança do acasalamento, e os organizadores do evento, preocupados em parar o show, antes que acontecesse alguma tragédia. Como esse povo se assusta fácil! Lá fora, no final do evento, todos tentavam afogar os erros em um barzinho que tinha bem em frente ao Centro Cultural. Só na mesa da banda havia uns 30 amigos pra mais. Inclusive o dono dos pedais, que ficou por lá para dar uma força para a banda. No final tudo deu certo. Inclusive, o boteco acabou virando o novo “point” de encontro da galera do C-13.

segunda-feira, outubro 18, 2004

15. Ivan Valle

fotos: Márcio Gonçalves

Ivan também começou a tocar baixo meio que contra a vontade. Quando Ivan surgiu pela primeira vez na casa do Denis, apareceu com uma guitarra em baixo do braço, se oferecendo para entra na banda. Foi quando Valter, que na época “tocava” baixo, resolveu acionar seu plano B. Disse ao Ivan, que estaria na banda se virasse baixista. Ivan topou. Iniciou aos 13 anos tocando guitarra, sempre com o sonho de fazer da música sua profissão. Nem imaginava que um dia seria baixista. Quando entrou na banda, não sabia uma nota no baixo, mas isso não importava. Eram quatro adolescentes, que só estavam a fim de fazer um som, curtir um Rock an´Roll, e acabaram aprendendo música um com o outro, em ensaios que duravam de 6 a 8 horas, todos os domingos. A força de vontade era o que mais contava no Código 13. Ivan tornou-se um baixista consagrado por vários músicos e conseguiu fazer da música sua profissão, ainda que tenha que "ralar" muito.

14. Valter Mendes Jr.


Valtão, como o chamavam, era e é até hoje, fã de Eddie Van Halen, guitarrista do Van Halen. Tanto que até se vestia igual, com uma camisa listrada vermelha e branca, calça rasgada no joelho (naquela época ainda não era moda), e às vezes, bem contra a vontade da banda, usava polainas preto e branca por cima da calça (em homenagem ao Santos, é claro). Mas é melhor nem falarmos nisso! Valter é o único músico de sua família. Antes do C-13, tocava numa banda cristã, porque namorava a vocalista, que tentava a todo custo converter Valter ao cristianismo. Foi numa apresentação desta banda, no colégio onde estudavam, que Celso veio a conhecer Valter, apresentado por Denis Martins. Eles estavam na platéia, assistindo ao Festival de música, e Denis levou Celso para conhecer quem seria o baixista da banda. Quando Valter entrou no palco, me lembro como fosse hoje do diálogo que surgiu entre Denis e Celso:

Denis: É esse aí o cara. Presta atenção
Celso: Mas essa banda é gospel. O cara é crente.
Denis: Não é não. Ele ta fazendo média pra namorada.
Celso: Ah, bom! Que música horrível... Tem certeza que o cara toca legal?
Denis: Fica frio! Ele vai ser nosso baixista.
Celso: Mas e se um dia ele teimar em tocar guitarra.
Denis: Não faz mal. Pelo menos ele toca melhor que você.
Celso: Ta me tirando puto???
Denis: Fica quieto! Vamu ouvir o solo do cara.
Celso: Credo!!!! Até minha mãe toca melhor que ele.
Denis: Sua mãe quer ser baixista da banda?
Celso: Não.
Denis: Então vai ser ele mesmo, e ponto final.
Celso: Falou!

13. Celso Montal

fotos: Márcio Gonçalves

Filho do cantor Cowboy Monte Alegre, teve sua iniciação na música dentro da própria família aos 14 anos. Cresceu ouvindo Elvis e Roberto Carlos. Quando conheceu Denis, era surfista, tinha o cabelo cor de cenoura, e usava camisas extravagantes como a da foto (que horror!). Foi convertido ao rock pelo amigo Babú, que colocou um walkman no seu ouvido, no último volume, com a música Crusader, do Saxon. Ganhou sua primeira guitarra, uma Tonante, de seu pai, que por sinal, era o que mais incentivava a carreira do filho. Sua família lembra a família Do-Ré-Mi. Seu avô paterno era maestro, sua avó, professora de música. Seu pai era cantor da Rádio Record, na década de 50, suas irmãs fazem parte de corais sacros, e agora, seguindo a tradição, tem um sobrinho baterista, uma sobrinha vocalista, e um outro sobrinho, ex-guitarrista da banda de reggae “Forças do Gueto”, que que sempre fez questão de dizer que teve influencias com o Código 13 (más influências). Celso montou com Denis, sua primeira banda, que ainda não possuía nome e chegaram a fazer algumas apresentações, só guitarra e bateria. Com a entrada de Valter Mendes, no baixo, a banda começou a se apresentar já com o nome Código 13.

12. Denis Martins

fotos: Márcio Gonçalves

Vencidos pelo cansaço, após diversas porretadas no sofá e nas panelas de Dna. Rosa, os pais de Denis, resolveram presenteá-lo com sua primeira bateria, uma Star Pérola. Enquanto os bateras de hoje já conseguem uma Pear, o C-13, conseguia, com muito custo, uma “Pérola”. Isso não os impedia de fazer um p.... som. Denis foi o que convidou Celso para montar uma banda rock. Foi a primeira vez que um roqueiro convida um surfista pra montar uma banda de rock. Anotem bem isso!!! Tudo pela amizade. Denis cresceu ouvindo rock, já influenciado pelo seu irmão mais velho, Davi. Ouvia Black Sabath, Metallica, Saxon, mas era fã incondicional do Iron Maiden, e ouvindo seu baterista predileto (Nicko McBrain) tocar, foi que teve maior interesse pela bateria. Foi Denis também que fez o convite a Valter Mendes para tocar baixo. Valter na época era guitarrista, mas como a banda precisava de um baixista, Valter entrou meio forçado a tocar baixo. Denis também nunca estudou música, e mesmo assim, desempenhava seu papel muito bem nas baquetas. Até para dirigir, quando parava no semáforo, ficava tocando sua bateria “no ar”. Quem o via, achava que era altista, não artista.

sexta-feira, outubro 15, 2004

11. São Caetano Gotham City


São Caetano do Sul, um bar chamado Baldão, que servia um drink com o mesmo nome, a base de pinga e soda (acredito que era soda cáustica), que era servido em um balde do tipo os que hoje existem no Cinemark para refrigerante. Situado no meião da Rua Santo Antônio, ao lado do Cine Vitória (hoje Vitória Hall), point de encontro dos músicos ditos “alternativos” da Geração 80. No fundo, várias mesas de bilhar, esporte predileto dos músicos. Lá se misturava todas as tribos, mesmo com a “rixa” entre punks e metaleiros. O único problema eram os “carecas do ABC”, também chamados de skinheads, que por onde surgiam, detonavam tudo na porrada. Fora isso, lá tudo era “peace and love bicho”. Freqüentavam o mesmo teto Luiz Thunderbird e sua tropa do Devotos de Nossa Senhora Aparecida, Kães Vadius, Garotos Podres, Joe Limão e seus Fanta Uva, Ratos de Porão, Kid Vinil e sua banda Magazine, o grande Rick n´ Roll, famoso pelo seu Concurso de Topetes, e claro, Código 13. Se não era Baldão, era a danceteria “Amarelo 20”, que rolava altos sons. Além dos já existentes Punks e Metaleiros, começaram a surgir os Darks, que se vestiam de preto, e só curtiam bandas undergrounds (Siouxsie & The Banshees, Jesus & Mary Chains, Bauhaus, The Cure), os Rockabillys que tentavam resgatar, e muito bem por sinal, os sons dos anos 60, com direito a jaqueta de couro, topete e brilhantina, e os chamados psichobillys, que misturavam uma letra punk com o rock dos anos 60 (Kães Vadius, Joe Limão). O Código 13 era uma banda Rock n´Roll, que misturava um pouco disso tudo, devido a cada um curtir um tipo de som. Valtão, o guitarrista, sempre devoto de Eddie Van Halen. Ivan era mais eclético, apesar de ter suas raízes no Rock n´Roll, curtia um pouco de tudo. Já Celso e Denis, passaram por diversas metamorfoses, tentaram ser punks, darks, rockabillys, mas acabaram voltando ao velho e bom Rock n´Roll. Ainda me lembro, quando todos se reuniam e não mediam esforço para freqüentar shows em São Paulo. Quando os shows eram no Madame Satã, pegava-se um “busão” até a Vila Mariana, e caminhava-se a pé, até o final da Av. Paulista, quase na Consolação, não importava a hora. Algumas madrugadas foram passadas no meio da “friaca noturna”, dormindo no Terminal Vila Mariana, até as Empresas de Transporte iniciarem seus serviços. Verdadeiras aventuras que já não acontecem nos dias de hoje, devido a juventude mal acostumada, que só sai de casa se for de carro. E dizem que é por causa da violência, como se também não houvesse nos anos 80. Madame Satã era um bar escuro, com luzes de néon por toda parte. Os shows eram realizados no porão do salão. Por lá passaram bandas como RPM, IRA!, Ratos de Porão, Devotos, Kães Vadius, Garotos Podres, Replicantes, 365 (Sem São Paulo, ô ô ô), Detrito Federal, e mais um montão de novas bandas que eram patrocinadas pela maior gravadora independente da época, a Baratos Afins. Só o Código 13 não chegou a tocar por lá, mas era bem freqüentado por seus integrantes. Foi daí que surgiu o convite para o C-13 se apresentar no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, n° 1000), outro point da galera underground. Seria um Karaokê Roqueiro, uma espécie de Festival de Bandas de Rock, organizado pela Rádio USP, onde o Código 13, junto com os Kães Vadius, fariam o show de encerramento.

quinta-feira, outubro 14, 2004

10. Os "Mano" Pow! As "Mina" Pá!


Mais um casório para a coleção. Era assim que funcionava: os caras tocavam em uma festa, e sempre alguém gostava. Naquela época, todos eram um pouco empresários da banda. A divulgação era feita boca a boca. Não havia as facilidades da Internet. Um falava pro outro de um show aqui, outro ali. Parece que um convidado que estava na festa de casamento da irmã do baixista viu a banda tocando, e os chamou para tocar em seu casamento. Detalhe: a festa seria na Favela de Piraporinha, em São Bernardo do Campo, em um salão da Seicho No Iê, bem no meião da favela. É evidente que o C-13 encarou mais uma. Para eles tudo era festa. Aliás, literalmente falando até aqui, “tudo era festa”. Após alguns incensos acesos para Massaharu Tanigushi, foram tocar no tal casamento não sei de quem e nem com quem. O que importava era cerveja, mulher e rock n´roll.
Nesse dia o pessoal foi pra lá com o Davi, irmão do Denis, pois ninguém tinha carteira de habilitação, já que eram todos menores. E o Davi sempre quebrava o galho nas caronas para os shows. Chegaram lá no final da tarde, e já havia um palco, com uma aparelhagem “meia boca”. Atrás do palco, havia um espaço reservado para os músicos. O salão começou a lotar. Pessoas de todas as raças, cor, credo. O negócio começou a esquentar lá por volta das 21:00, onde quase todos os convidados, inclusive a banda, já estavam sob efeito de inúmeras cervejas. Era hora da banda se apresentar. Uma das “mina” que estava na festa veio pedir para que tocassem RPM. Lembro-me que a banda jamais executava músicas do RPM, pois havia um pacto entre os músicos, que RPM jamais entraria pro repertório da banda, mas como era uma festa familiar, no centro da Favela de "Pirapora", Valter e Ivan tiraram umas músicas na hora, com uma mini-vitrola e um discão de vinil, e a banda atendeu o pedido da garota, executando “Revoluções Por Minuto”, "Rádio Pirata” e “Olhar 43”. As músicas ficaram perfeitas. Não sei se o C-13 tocava pra caramba, ou se as músicas do RPM são tão ruins, que qualquer um toca. Acredito mais na segunda opção, hehehe. Porém, este sensacional desempenho, só serviu para ganhar a simpatia das “mina” que estavam por lá, e a antipatia dos “mano”, que estavam fuzilando, pois a banda estava desviando toda a atenção da mulherada.
A coisa começou a complicar, quando Valter e Celso, estavam conversando ao lado do palco, e viram um enorme “afro-brasileiro” apontar uma Magnum cromada para eles, dizendo com todo carinho “eu vou apagar estes manés!!!”. Acho que os dois não sabiam o que fazer, pois ficaram olhando um para o outro, petrificados, ou melhor dizendo, “com o c.... na mão”. Sorte que o noivo, percebendo a cena, foi lá e acalmou o “negão”, talvez prometendo que a banda ainda iria tocar Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho.
Enquanto isso, Denis, o baterista, no outro lado do palco, distribuía beijos na mulherada. Que cena engraçada!!! Uma fila de mulher dando beijo no cara. Acho que era o modo que ele encontrou de dar autógrafos.
O Ivan sumiu!!! Ninguém mais viu a cara dele. Enquanto isso, o circo começava a pegar fogo. A maioria dos “mano” já tinham ido embora, e as “mina” começaram a se soltar, e ameaçar de invadir o palco e agarrar os músicos. A coisa começou a ficar preocupante. O C-13 tinha que encontrar uma maneira de sair dali, sem serem vistos pela mulherada. Tarefa totalmente impossível, já que a porta era do outro lado do salão, e para sair tinha que passar pelas “mina”. A única solução era o Davi ligar o carro, abrir a porta, que a banda ia sair correndo pra tentar alcançar o carro. Galera, vocês não vão acreditar. Cena que só se via em show dos Beatles. Valter, Denis e Celso (o Ivan continua sumido), correndo, atravessando o salão, e um monte de “mina” tentando agarrá-los. Coisa de 13 mesmo. Alcançaram o carro e conseguiram entrar. Uma das “mina” furou o bloqueio e agarrou o Celso dentro do carro. Valter fazia o maior esforço pra tirá-la de lá. Comédia mesmo. A mulher que pegou o Celso parecia a Sandra de Sá, de tamanho, cor e credo.
Dia seguinte, os quatro reunidos para o fiel ensaio dominical, e evidente, que era a hora de repassar o acontecido. Adivinha quem chegou atrasado no ensaio? Ivan, o desaparecido. Pelo que me consta, Ivan, um pouco alto pelo consumo excessivo de cervejas, saiu perambulando pela favela acompanhado de uma “mina”, e dormiu no sofá de uma residência, que ele diz não saber nem de quem, sendo acariciado por uma “tiazinha”. É claro que não sei ao certo o que aconteceu naquele dia, já que muita coisa ficava em segredo entre os quatro rapazes, mas que todo boato tem um fundo de verdade, ah, isso tem!!!

segunda-feira, outubro 04, 2004

9. Festival dos Festivais


“Se o Rock in Rio pode, nós também podemos”. Essa era a frase que Montal dizia quando convidados para um evento que envolvia Duplas Sertanejas, Forrós e Rock n´ Roll. Foram tocar numa escola na Vila Arapuá (“cidade” natal de Celso Montal que nasceu nas mãos de uma parteira, atrás da Igreja). O evento aconteceria na E.E. “Eurípedes Zerbini”, e me parece que foi arranjado pelo pai do Denis (baterista). Se não me falha a memória, era uma festa política. O forte da noite era uma dupla caipira que iria encerrar o show, mas o pessoal do C-13, agitou tanto a galera, que ninguém os deixava parar de tocar. O evento era totalmente jovem, e a dupla era estilo Milionário e José Rico. Ou seja, se tirassem o Código 13 do palco, era capaz de acontecer alguma tragédia, do tipo que acontecia freqüentemente nos shows do Raul Seixas, quando Rauzito não comparecia e a galera quebrava tudo. Receados com este episódio verídico do Raul, os organizadores resolveram manter a banda no palco, mesmo porque, a turma que acompanhava a banda era sempre “um pouco apavorante”.
Como a banda possuía algumas músicas próprias, decidiram encarar alguns Festivais de Música Escolares, um meio muito importante para a divulgação das bandas. Não importava ganhar o Festival, e sim, tocar, tocar e tocar. Quatro rapazes com sede de subir em um palco com uma aparelhagem razoável. Participaram de festivais nas Escolas “Antonio Alcântara Machado” e “Alexandre de Gusmão” ambas no Ipiranga. No “Alcântara” havia uma banda gospel participando, muito boa, e que acabou levando o 1° lugar, que tinha um nome estranho..... se não me engano..... Katisbarnea. Já no “Alexandre de Gusmão”, a comédia foi quando a banda chegou lá para o Festival e se deparou com uma bateria portátil, do tipo Brinquedos Estrela, o que fez com que Denis tivesse um ataque histérico, mas tudo não passava de uma brincadeira dos organizadores. O show rolou, com bateria de verdade, e teve até uma sonzeira de encerramento com o Deep Purple, que moravam na época, lá no Brás.