quinta-feira, outubro 14, 2004

10. Os "Mano" Pow! As "Mina" Pá!


Mais um casório para a coleção. Era assim que funcionava: os caras tocavam em uma festa, e sempre alguém gostava. Naquela época, todos eram um pouco empresários da banda. A divulgação era feita boca a boca. Não havia as facilidades da Internet. Um falava pro outro de um show aqui, outro ali. Parece que um convidado que estava na festa de casamento da irmã do baixista viu a banda tocando, e os chamou para tocar em seu casamento. Detalhe: a festa seria na Favela de Piraporinha, em São Bernardo do Campo, em um salão da Seicho No Iê, bem no meião da favela. É evidente que o C-13 encarou mais uma. Para eles tudo era festa. Aliás, literalmente falando até aqui, “tudo era festa”. Após alguns incensos acesos para Massaharu Tanigushi, foram tocar no tal casamento não sei de quem e nem com quem. O que importava era cerveja, mulher e rock n´roll.
Nesse dia o pessoal foi pra lá com o Davi, irmão do Denis, pois ninguém tinha carteira de habilitação, já que eram todos menores. E o Davi sempre quebrava o galho nas caronas para os shows. Chegaram lá no final da tarde, e já havia um palco, com uma aparelhagem “meia boca”. Atrás do palco, havia um espaço reservado para os músicos. O salão começou a lotar. Pessoas de todas as raças, cor, credo. O negócio começou a esquentar lá por volta das 21:00, onde quase todos os convidados, inclusive a banda, já estavam sob efeito de inúmeras cervejas. Era hora da banda se apresentar. Uma das “mina” que estava na festa veio pedir para que tocassem RPM. Lembro-me que a banda jamais executava músicas do RPM, pois havia um pacto entre os músicos, que RPM jamais entraria pro repertório da banda, mas como era uma festa familiar, no centro da Favela de "Pirapora", Valter e Ivan tiraram umas músicas na hora, com uma mini-vitrola e um discão de vinil, e a banda atendeu o pedido da garota, executando “Revoluções Por Minuto”, "Rádio Pirata” e “Olhar 43”. As músicas ficaram perfeitas. Não sei se o C-13 tocava pra caramba, ou se as músicas do RPM são tão ruins, que qualquer um toca. Acredito mais na segunda opção, hehehe. Porém, este sensacional desempenho, só serviu para ganhar a simpatia das “mina” que estavam por lá, e a antipatia dos “mano”, que estavam fuzilando, pois a banda estava desviando toda a atenção da mulherada.
A coisa começou a complicar, quando Valter e Celso, estavam conversando ao lado do palco, e viram um enorme “afro-brasileiro” apontar uma Magnum cromada para eles, dizendo com todo carinho “eu vou apagar estes manés!!!”. Acho que os dois não sabiam o que fazer, pois ficaram olhando um para o outro, petrificados, ou melhor dizendo, “com o c.... na mão”. Sorte que o noivo, percebendo a cena, foi lá e acalmou o “negão”, talvez prometendo que a banda ainda iria tocar Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho.
Enquanto isso, Denis, o baterista, no outro lado do palco, distribuía beijos na mulherada. Que cena engraçada!!! Uma fila de mulher dando beijo no cara. Acho que era o modo que ele encontrou de dar autógrafos.
O Ivan sumiu!!! Ninguém mais viu a cara dele. Enquanto isso, o circo começava a pegar fogo. A maioria dos “mano” já tinham ido embora, e as “mina” começaram a se soltar, e ameaçar de invadir o palco e agarrar os músicos. A coisa começou a ficar preocupante. O C-13 tinha que encontrar uma maneira de sair dali, sem serem vistos pela mulherada. Tarefa totalmente impossível, já que a porta era do outro lado do salão, e para sair tinha que passar pelas “mina”. A única solução era o Davi ligar o carro, abrir a porta, que a banda ia sair correndo pra tentar alcançar o carro. Galera, vocês não vão acreditar. Cena que só se via em show dos Beatles. Valter, Denis e Celso (o Ivan continua sumido), correndo, atravessando o salão, e um monte de “mina” tentando agarrá-los. Coisa de 13 mesmo. Alcançaram o carro e conseguiram entrar. Uma das “mina” furou o bloqueio e agarrou o Celso dentro do carro. Valter fazia o maior esforço pra tirá-la de lá. Comédia mesmo. A mulher que pegou o Celso parecia a Sandra de Sá, de tamanho, cor e credo.
Dia seguinte, os quatro reunidos para o fiel ensaio dominical, e evidente, que era a hora de repassar o acontecido. Adivinha quem chegou atrasado no ensaio? Ivan, o desaparecido. Pelo que me consta, Ivan, um pouco alto pelo consumo excessivo de cervejas, saiu perambulando pela favela acompanhado de uma “mina”, e dormiu no sofá de uma residência, que ele diz não saber nem de quem, sendo acariciado por uma “tiazinha”. É claro que não sei ao certo o que aconteceu naquele dia, já que muita coisa ficava em segredo entre os quatro rapazes, mas que todo boato tem um fundo de verdade, ah, isso tem!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa que história... legal...esse "show" foi na favela de Piraporinha... hoje tenho um monte de clientes lá!

HAHAHAHAHAHAHA

Valtão

Anônimo disse...

Mr. Valter

Quem sabe um deles não é o mesmo que quis nos apagar, hein??? Não divulgue este site a nenhum de seus clientes.

Montal