sexta-feira, outubro 15, 2004

11. São Caetano Gotham City


São Caetano do Sul, um bar chamado Baldão, que servia um drink com o mesmo nome, a base de pinga e soda (acredito que era soda cáustica), que era servido em um balde do tipo os que hoje existem no Cinemark para refrigerante. Situado no meião da Rua Santo Antônio, ao lado do Cine Vitória (hoje Vitória Hall), point de encontro dos músicos ditos “alternativos” da Geração 80. No fundo, várias mesas de bilhar, esporte predileto dos músicos. Lá se misturava todas as tribos, mesmo com a “rixa” entre punks e metaleiros. O único problema eram os “carecas do ABC”, também chamados de skinheads, que por onde surgiam, detonavam tudo na porrada. Fora isso, lá tudo era “peace and love bicho”. Freqüentavam o mesmo teto Luiz Thunderbird e sua tropa do Devotos de Nossa Senhora Aparecida, Kães Vadius, Garotos Podres, Joe Limão e seus Fanta Uva, Ratos de Porão, Kid Vinil e sua banda Magazine, o grande Rick n´ Roll, famoso pelo seu Concurso de Topetes, e claro, Código 13. Se não era Baldão, era a danceteria “Amarelo 20”, que rolava altos sons. Além dos já existentes Punks e Metaleiros, começaram a surgir os Darks, que se vestiam de preto, e só curtiam bandas undergrounds (Siouxsie & The Banshees, Jesus & Mary Chains, Bauhaus, The Cure), os Rockabillys que tentavam resgatar, e muito bem por sinal, os sons dos anos 60, com direito a jaqueta de couro, topete e brilhantina, e os chamados psichobillys, que misturavam uma letra punk com o rock dos anos 60 (Kães Vadius, Joe Limão). O Código 13 era uma banda Rock n´Roll, que misturava um pouco disso tudo, devido a cada um curtir um tipo de som. Valtão, o guitarrista, sempre devoto de Eddie Van Halen. Ivan era mais eclético, apesar de ter suas raízes no Rock n´Roll, curtia um pouco de tudo. Já Celso e Denis, passaram por diversas metamorfoses, tentaram ser punks, darks, rockabillys, mas acabaram voltando ao velho e bom Rock n´Roll. Ainda me lembro, quando todos se reuniam e não mediam esforço para freqüentar shows em São Paulo. Quando os shows eram no Madame Satã, pegava-se um “busão” até a Vila Mariana, e caminhava-se a pé, até o final da Av. Paulista, quase na Consolação, não importava a hora. Algumas madrugadas foram passadas no meio da “friaca noturna”, dormindo no Terminal Vila Mariana, até as Empresas de Transporte iniciarem seus serviços. Verdadeiras aventuras que já não acontecem nos dias de hoje, devido a juventude mal acostumada, que só sai de casa se for de carro. E dizem que é por causa da violência, como se também não houvesse nos anos 80. Madame Satã era um bar escuro, com luzes de néon por toda parte. Os shows eram realizados no porão do salão. Por lá passaram bandas como RPM, IRA!, Ratos de Porão, Devotos, Kães Vadius, Garotos Podres, Replicantes, 365 (Sem São Paulo, ô ô ô), Detrito Federal, e mais um montão de novas bandas que eram patrocinadas pela maior gravadora independente da época, a Baratos Afins. Só o Código 13 não chegou a tocar por lá, mas era bem freqüentado por seus integrantes. Foi daí que surgiu o convite para o C-13 se apresentar no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, n° 1000), outro point da galera underground. Seria um Karaokê Roqueiro, uma espécie de Festival de Bandas de Rock, organizado pela Rádio USP, onde o Código 13, junto com os Kães Vadius, fariam o show de encerramento.

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